março 26, 2006

Aqueduto da Águas Livres - na pista do Barroco



Marca imponente da entrada de Lisboa

A arcaria do Aqueduto das Águas Livres revela a obra notável de engenharia hidráulica que resistiu ao Terramoto de 1755 e demonstra o papel indispensável que o Aqueduto teve para a cidade.

Descobrir os seus trajectos e a história da sua construção, que demorou quase um século e se estende por cerca de 60 km , é a proposta do
Museu da Água.

Das suas nascentes, na região de Carenque-Caneças, até à
Mãe de Água das Amoreiras são, respectivamente, o ponto de partida e de chegada do passeio A Rainha Refresca-se – na pista do Barroco.




A Rainha Refresca-se
Este percurso recria o espírito barroco e proporciona a visita a locais de grande beleza ao longo das nascentes, de Caneças ao Vale de Alcântara, refazendo o percurso pelo Aqueduto das Águas Livres que a família real, a corte e o povo faziam ao deslocar-se de Mafra a Queluz.
Estamos às portas do século das luzes, a época que privilegia a razão por excelência e coloca no auge o espírito barroco onde se assiste à procura do êxtase da grandiosidade, como se se quisesse criar impressão a todo o custo.
Dá-se início a uma consciência de que a grandiosidade das obras públicas são o melhor símbolo de prestígio para o poder vigente.
As galerias do Aqueduto assemelham-se mais às alas de um convento do que a simples condutas de água.
Os respiradouros, situados ao longo das extensas galerias, oferecem um espectáculo natural de luz minimalista.
São estes jogos de luz, ar, sombra, respiração e a nobreza da pedra que tocam a imaginação e levam-nos até à “Rainha Refresca-se”.


Caminhos da Água
Com a colaboração da Quinta da Regaleira e do Palácio de Queluz os visitantes são convidados a experimentar o elemento Água nas suas três dimensões.
Entre os segredos e rituais dos Pedreiros Livres, insondáveis mistérios da Ordem dos Templários ou na promessa antiga de um Quinto Império que falta cumprir em Portugal, revela-se a verdadeira dimensão da Água enquanto símbolo esotérico na Quinta da Regaleira.
Em nenhuma época como no período áureo de D. Pedro e D. Maria, ficou tão bem demonstrada a intima ligação dos interiores do Palácio de Queluz com os seus jardins. Estes, cuidadosamente organizados, serviam os novos objectivos, ganhando um carácter eminentemente lúdico, prevendo harmoniosas e diversificadas possibilidades de fruição dos seus espaços. Em todo o jardim, dominado por lagos e cascatas, os jogos de água marcavam presença no quotidiano de exterior, ganhando novas formas e cores de acordo com a iluminação e os objectivos. Aqui o visitante encontra o elemento água enquanto “divertissment”.
Por fim o visitante tem a possibilidade de, nas nascentes do Aqueduto das Águas Livres, experimentar a água como um valor moral. O visitante é convidado a, por alguns instantes, entrar no Espírito Barroco, onde se assiste à procura do êxtase, da grandiosidade teatral, pomposa, numa ostentação de manifesto poder.



Da Patriarcal ao Chafariz do Vinho
O Museu da Água em colaboração com o Chafariz do Vinho retomou um percurso que leva os visitantes pelas galerias subterrâneas da cidade, desde a Patriarcal (Príncipe Real) ao Chafariz do Vinho (Praça da Alegria). Este último foi recuperado e adaptado às suas novas funções de enoteca.




Percurso Pedestre – Do Aqueduto ao Palácio Marquês da Fronteira

Com início no Aqueduto das Águas Livres, à Calçada da Quintinha, o percurso pedestre até ao Palácio Marquês da Fronteira, a S. Domingos de Benfica pretende criar uma simbiose entre o Património Ecológico e o Património Histórico- Cultural.
Atravessando o majestoso Aqueduto das Águas Livres sobre o Vale de Alcântara, os visitantes poderão contemplar uma agradável panorâmica de Lisboa entrando de seguida no Parque Florestal de Monsanto que, quer pelo seu relevo, quer pela sua área florestal, apresenta-se como um dos últimos refúgios de Lisboa.
Antes de finalizar o percurso, os visitantes são ainda convidados a apreciar a Igreja de
S. Domingos de Benfica e o Palácio dos Marqueses de Fronteira.




Os Caminhos da Luz

Quando a Arte se inscreve na sua condição de matéria, tem a capacidade de reflectir momentos, acontecimentos e conjunturas que ocorrem num determinado tempo e num determinado espaço.
Neste âmbito, a construção do Aqueduto das Águas Livres é um marco na história e na arte do século XVIII e do espírito Barroco que o envolveu, talvez a maior oferenda da arte deste século, conseguindo aliar à matéria, o Espírito e a Inteligência Portuguesa da época que aí se manifestam de forma tão especial, através do que há de mais imaterial: A LUZ


Textos retirados daqui.
Post publicado também no Luminescências.

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