setembro 28, 2006

Luz Boa - Blue Line

É por aqui que podemos iniciar uma autêntica viagem ao Passado remoto da cidade. Bairro muito antigo, construído ao longo dos séculos ao sabor de conquistas e imigrações, a Mouraria mostra aqui um pouco da sua raça, colada a Alfama, o bairro da Fé.


Sons de fado começam a ouvir-se no circuito – e é possível que não seja somente o choro de um guitarrista a ensaiar a sua apresentação nocturna num dos inúmeros restaurantes típicos; serão certamente as vozes anónimas que o agrupamento belga Het Pakt reuniu na sua peça participada Fado Morgana.



Telas estendidas, nelas os rostos projectados, na imediata proximidade uma voz que, ao afastarmo-nos, se revela parte de um coro maior de Lisboetas, homenagem à Cidade e ao Fado, numa única cantiga, conhecida de todos – passar por lá é reconhecê-la!


Prosseguimos tacteando a Lisboa moura, medieval, pombalina, romântica e moderna. Seguimos pela Rua da Costa do Castelo, símbolo fascista que António Ferro escolheu para justificar a identidade lisboeta (ou a falta dela), o cinema português, as quatro paredes caiadas com um cheirinho a alecrim, contrastando com o amontoado de casas que se vão degradando sobre as colinas da cidade.



excertos do texto publicado aqui.

setembro 25, 2006

Luz Boa - Green Line

Aqui se instalou o único teatro de ópera em Portugal, feira de vaidades da alta e média burguesia novecentista.


Lune, de Bruno Peinado, ‘cai’ neste espaço ortogonal, limpo, quase asséptico, de evidente importância para a imagem política cultural, pela forma como discretamente se localiza no centro institucional de Lisboa.


A presença improvável de um astro poisado, nota surreal que é visão da própria rebeldia da Arte, que vence uma distância impossível num gesto simples: um balão insuflado, iluminado do interior, repousa provocadoramente nas imediações da “Grande Ópera”.


Ao fundo, os Armazéns do Chiado, que marcaram o espírito do comércio da Baixa durante todo o séc. XX. Se os Armazéns desapareceram na sequência de um incêndio de origem duvidosa, e ressurgiram como extraordinária operação de renovação urbana diariamente visitada por dezenas de milhares de pessoas, Luzboa reforça a imagem daquela fachada histórica, ponto de fuga da Rua Garrett...


excertos do texto publicado aqui.

setembro 24, 2006

Luz Boa - Red Line

Descendo pela Rua da Misericórdia, recheada de belos exemplares de casas pertencentes à aristocracia pré e pós pombalina, chegamos ao Camões, ao Palácio do Marquês de Marialva que, após o terramoto, seria até ao século XIX uma zona insalubre conhecida como os Casebres do Loreto, por albergar pedintes e doentes.




Esta praça, recente de cem anos, ostenta a estátua de Camões, uma das mais bonitas e melhor concretizadas obras de estatuária em Lisboa. Mas é de tal forma desconsiderada, que construíram um parque de estacionamento por baixo, em cima das ruínas do antigo palácio do Marquês – que por sua vez já tinha sido construído sobre uma villa romana, o que se deduz pela quantidade de vestígios romanos que surgiram após as escavações para a construção do referido estacionamento.



excertos do texto publicado aqui.

setembro 23, 2006

Ribeiro da Cunha & Associados


Depois de tudo o que se disse na sessão pública sobre o Plano de Pormenor do Palacete Ribeiro da Cunha, nomeadamente o presidente da Junta de São José que, de peito cheio, disse que os moradores da freguesia aplaudem a iniciativa pois irão ver a sua qualidade de vida melhorada ( subentendo que por passarem a ter vista para um hotel);
Depois de, ao que parece, a Junta de São Mamede estar a passar a ideia que a população da freguesia está de acordo (porque só 3 ou 4 pessoas estão contra!);
Depois de visitar o Palacete e respectivo jardim ( graças à amabilidade dos proprietários) onde pude antever que o crime de arrancar árvores centenárias de grande porte parece ser consensualmente encarado como um mal menor;

Depois de saber que está na calha a alienação de meia-dúzia de palacetes e sete quintas, património da cidade, concluo que não tenho vocação para actividades quixotescas;

O gosto que tenho neste blogue vai continuar a ser alimentado pelas inciativas que me levaram a criá-lo, ou seja, registar e divulgar impressões sobre o património histórico desta colina da Lisboa que eu amo.
Lamento se desiludo alguém, mas não estou talhado para este tipo de cidadania, pelo menos enquanto simples exercício de denúncias contra as enormidades que se vão cometendo contra a cidade.

O próximo post será sobre a interessantíssima visita que fiz ao esplêndido Palácio Palmela e ao seu romântico Jardim, graças à generosa disponibilidade do Secretário Geral da Procuradoria Geral da República, dr Sousa Mendes.
O seguinte, sobre o Projecto LuzBoa, se São Pedro ajudar.

setembro 05, 2006

Palacete Ribeiro da Cunha (3)

Está agendada para o próximo dia 7 de Setembro, pelas 21h, no Museu Botânico, no Jardim Botânico, uma sessão pública sobre o Plano de Pormenor do Palacete Ribeiro da Cunha.
Vão estar presentes o autor do projecto, o Director do Departamento de Planeamento Urbano, representantes da Quercus, Associação Lisboa Verde e também comunicação social.


Cortesia da Dra Ana Bravo da Junta de São Mamede, onde se encontra até dia 15 para discussão pública o referido Plano de Pormenor.